Fiz algumas viagens no segundo semestre desse ano (2013) e não podia deixar de escrever sobre como cada uma delas me transformou intensamente.
Esse é um post sobre a minha viagem a Praia dos Carneiros, litoral de Pernambuco.
A Praia dos Carneiros é um paraíso escondido a 113 km de Recife. Apesar de viver do turismo, Carneiros não tem aquele tumulto dos demais locais do Nordeste. Muito provavelmente por ser propriedade particular (que passou da família Carneiro para a família Ramos Rocha há 3 gerações) é um lugar tranquilo, geralmente vazio e perfeito pra quem quer descansar.
As melhores informações turísticas, para quem quiser, estão com a fofa da Renata Queiroga, minha guia nessa viagem.
Fiquei hospedada no Sítio da Prainha da Dona Léa e fui super bem recebida por Ita e todos os funcionários de lá. A vantagem desse lugar? O único que oferece meia pensão (café da manhã e jantar), justamente os horários em que sinto mais fome no dia. Some-se o fato de que comida em Carneiros não é muito barata: perfeito pra Robertinha!
Peguei o avião de manhã. Cheguei em Recife a tarde e peguei o carro na locadora. Dirigi até Carneiros sem maiores problemas, exceto pelo acidente na rodovia que me deixou presa 2 horas (cê tá viajando, curte até o engarrafamento quilométrico na BR). Deveria ter chegado em Carneiros no fim da tarde, mas cheguei bem a noite mesmo.
E você foi so-zi-nha-a?! Sim. Dãh.
*
Eu precisava de Carneiros. Não (só) porque é a praia que tem o nome da minha família, mas porque lá eu me senti acolhida, tipo casa de vó.
Cheguei, jantei, desfiz as malas. Tomei um banho ouvindo música. Nem lembro o repertório. Me enrolei na toalha e encontrei tudo tão arrumadinho: a decoração do quarto, a cama de casal, o guarda-roupa, o frigobar. Exatamente assim que eu queria minha mente naquele momento... arrumadinha que nem o quarto da pousada...
Com o cabelo ainda meio molhado, fiquei parada olhando pra cama de casal sem saber muito bem como eu ia parar ali. Tenho pavor de cama de casal. Mas até nisso me surpreendi. Eram, na verdade, duas camas de solteiro juntas. Felicidade boba saber que seus medos que você não conta pra ninguém são superáveis.
Luz de abajur. Penumbra. Eu no meio do nada. Silêncio na noite. Sozinha.
Aqui dentro eram rajadas de pensamentos. Eu não conseguia me ouvir. Tinha uma multidão dentro de mim. Capaz de olhar para o infinito e para a formiguinha passando do seu lado ao mesmo tempo. Estranho achar que você pode mandar em você mesmo. É preciso sentir...
Sentir...
Senti os lençóis, o travesseiro, a coberta. Ao me cobrir, percebi que dormir é apenas uma das muitas formas de escapar de mim mesma. E então eu penso.
Penso antes de dormir. Penso. Em tudo quanto é coisa. Tenso. Tudo.
Mergulhei naquele mar misterioso. O sol saiu e então eu e a praia já estávamos íntimas outra vez. Conheci uma família bacana. Ouvi as histórias deles. Eles ouviram as minhas. Aprendi que ser humano é lidar com as falhas de alguma forma. Qualquer delas é uma saída. Mais ou menos dolorosa. Não tem como saber.
Eu agradeci o privilégio de estar ali. Mesmo ainda não tendo encontrado o que eu procurava. Eu sabia que estava perto.
Voltei do passeio quase no final da tarde. Voltei pro quarto. Tomei banho. Lavar o cabelo me proporciona mais tempo debaixo do chuveiro. Ah, se o chuveiro lavasse a alma...
Deitei na rede, aquela que fica na varanda do quarto. Quando minha mente silenciou pelo cansaço e pelo êxtase de estar em um lugar tão lindo, meu coração pôde finalmente se revelar para mim.
Eu busco a mim mesma. Pertenço a um lugar indefinido. Cheio de livros e de poucas pessoas. Meu sorriso me encanta. E ao olhar pra mim naquele estado eu percebi tanta coisa importante pra mim. Reconstruo cada pedacinho do meu ser. Pra tentar ser melhor. Mas a perfeição não existe. Destruo tudo outra vez. Pra recomeçar de novo. Uma nova experiência. Sentir....
Carneiros, você fez com que eu me devolvesse pra mim mesma no estado em que me encontrava. Isso, não vou esquecer jamais.
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