domingo, junho 8

Entrevista: Isaac Bugarim

Admiro pessoas que respeitam a si mesmas e buscam viver de acordo com seus ideais, por mais difícil que isso seja.
Tomei a liberdade de publicar aqui uma entrevista de um alagoano com alma de artista, pessoa que eu admiro muito, Isaac Bugarim.
As perguntas foram feitas pelo Magno para o Maceió Arquiteta.


Magno Almeida - Quando começou o seu envolvimento com a literatura?

Isaac Bugarim - Minha mãe é formada em Letras pela UFAL. Foi professora de Português, Redação e Literatura na rede estadual de ensino cerca de 20 anos. Uma das minhas lembranças da infância é uma estante cheia de livros em casa, dos clássicos à coleção Vaga-Lume. Garra de campeão, A Árvore que dava dinheiro, Cidade fantasma, Um cadáver ouve rádio, Triste fim de Policarpo Quaresma, Caeté, o primeiro romance de Graciliano. Comecei aqui, por volta dos 14/15 anos, depois que me desafiei a ler tudo aquilo lá.

MA - Como é ser poeta em Maceió?

IB - É não ser compreendido, é ter sede de ser lido, é ser um bicho estranho, é ser sonhador, que isso não tem futuro, poesia não tem consumo, é ter vontade de tirar o seu da reta porque não valeria a pena, mas vale! Pela honra de Jorge de Lima, Jorge Cooper, Lêdo Ivo, Porciúncula Teixeira, Judas Isgorogota, Gonzaga Leão, escrevamos!

MA - Qual a sua definição de poesia, e pra você, por que a poesia?

IB - Poderia usar o Poema de Leminski como norte, segundo o qual é “fundação do ser mediante a palavra” para Heidegger, ou a “palavra-coisa” para Sartre, ou “uma viagem ao desconhecido” para Maiakovski. Posso usar estes conceitos para fazer o meu: a palavra, esta coisa que uso para me achar no desconhecido e me fundar enquanto sou. Poesia porque ainda não achei nada melhor que isso, a não ser a música. 

MA - Qual o envolvimento da cidade ou do estado, com a poesia? E, em sua opinião, o que não existe que poderia existir capaz de apresentar a poesia ao jovem maceioense?

IB - A maior parte de minhas inspirações vem da rua, quando olho pela janela do ônibus ou do carro. Maceió me faz refletir e lembrar coisas. Maceió deveria aproveitar melhor os espaços públicos, como as praças, para mostrar poesia aos jovens. A poesia na rua, não enclausurada em locais pontuais com entrada paga. Claro, seria ótimo começar da base, fazer as crianças e adolescentes escreverem, realizar concursos literários nas escolas. É um começo.

MA - Você tem algum livro publicado? Escreve em algum blog? Conte-nos um pouco sobre os seus projetos já passados e futuros.

IB - Tenho um blog quase desativado, o NãoTãoSão www.naotaosao.blogspot.com.br. Faz tempo que não posto lá. Livro publicado não tenho, mas estou na luta. Meu livro de poemas está praticamente pronto, o Agrafia, cuja definição pode ser esta: ainda não é o que quero, mas é o que tem pra hoje. Estou escrevendo um romance e me surpreendendo com ele. Escrevo devagar, uma página por semana, às vezes menos que isso. Quero terminá-lo ano que vem. Escrevo alguns contos, mas nada muito pretensioso. Quem sabe num projeto futuro.

MA - Quais são as suas influências, o que você sente ao ler um livro?

IB - Gosto de Manuel Bandeira, Álvaro de Campos, Maiakovski, Max Martins, Lêdo Ivo, Pablo Neruda, Drummond, Salgado Maranhão, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Lúcia Guiomar Porciúncula Teixeira, Magno Almeida, Graciliano Ramos, Dostoievski, José Saramago, Garcia Marquez, Anton Tchekhov, Julio Cortázar, Dalton Trevisan. Quando lê-los não resolve, ouço Black Sabbath, Deep Purple, Johnny Cash, Bob Dylan, Bathory, Bohren & der Club of Gore, Steve Ray Vaughan, Eric Clapton. Sinto alívio ao ler um livro, é a minha terapia. Fica alegre ou triste, decepcionado ou entusiasmado, puto ou sorridente, depende do que tem nas páginas. Não consigo ler um livro por vez. Geralmente leio quatro, dois de prosa e dois de poema.

MA - De Maceió, quem você recomendaria como nova promessa na literatura?

IB - Magno Almeida, Camila de Magalhães, Lucas Cavalcanti Maia, Laís Platero. 


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